quarta-feira, 20 de outubro de 2010

FORMAÇÃO PRÁTICA

Professor Prático-Reflexivo

                O ano de formação prática reveste-se, assim, de importância fundamental, por proporcionar aos estagiários condições para exercer numa escola, as funções de professor, as quais são acompanhadas de perto pelos orientadores locais, isto é, professores da Escola onde se realiza o estágio, todos eles supervisionados por docentes das Universidades (chamados orientadores,  coordenadores ou supervisores).
Só que estudos apontam que existe a necessidade de que o professor seja capaz de refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade aos interesses e às necessidades dos alunos. Nesse sentido, Freire, (1996, p.43) afirma que:
 É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática”.  Para entendermos melhor esse aspecto, devemos recorrer a Schön.
Donald Schön,(1997) foi idealizador do conceito de Professor Prático-Reflexivo, e percebeu em várias profissões, não apenas na prática docente, existem situações conflitantes e desafiantes e a  aplicação de técnicas não convencionais não resolvem o problema.
Esta dimensão está relacionada com o desenvolvimento do trabalho coletivo, com a organização de grupos e com a comunicação como um todo, os professores, que trazem as marcas da reprodução na sua formação acadêmica, tem encontrado dificuldades para superar esta perspectiva e fazer do seu ensino um espaço de produção e conhecimento, e, dizer que o professor precisa refletir sobre seu trabalho não é mais novidade.
 É possível até afirmar que virou moda, como outras que volta e meia se espalham no meio educacional. Justamente por isso, um perigo, na opinião da educadora portuguesa Isabel Alarcão. Muito comentada, mas pouco compreendida essa idéia pode segundo ela, se transformar num discurso vazio. "Ser reflexivo é muito mais do que descrever o que foi feito em sala de aula", alerta. O tema chama a atenção de Isabel desde o início da década de 1990, quando conheceu os estudos do americano Donald Schön ele defende que os profissionais façam o questionamento sobre situações práticas como base de sua formação. "Só assim nos tornamos capazes de enfrentar situações novas e de tomar decisões apropriadas”.
O professor deve ser capaz de levantar dúvidas sobre seu trabalho. Não apenas ensinar bem a fazer algumas contas de Matemática ou a ler um conto. É preciso ir mais fundo, saber o que acontece com o estudante que não aprende a lição. É preciso ter muita vontade de aprender a fazer. No entanto, muitos acham que basta alguém descrever como tinha acontecido algo em sua aula para ser tratado como reflexivo, e esse processo é muito mais que descrever, pois é possível perceber efeitos de uma prática questionadora nos estudantes. Quando o professor faz isso corretamente, o aluno aprende a gerir seu estudo, dificilmente ele será alguém que só decora, porque o mestre incute nele estratégias de interrogação e busca formá-lo como um indivíduo autônomo.
Tudo está mudando, a sociedade, os efeito das novas tecnologias de comunicação está sendo enorme e os problemas de indisciplina também tornam os contextos de aprendizagem muito difíceis. O que nos ajuda a manter um certo contato com a realidade da sala de aula é a supervisão, e o acompanhamento dos formandos para ajudá-los a se desenvolver. E a realidade da universidade mostra que a maior parte do processo ensino-aprendizagem que desenvolve está calcada no modelo de reprodução do conhecimento.
O professor reflexivo é aquele que pensa no que faz, que é comprometido com a profissão e se sente autônomo, capaz de tomar decisões e ter opiniões. Ele é, sobretudo, uma pessoa que atende aos contextos em que trabalha, os interpreta e adapta a própria atuação a eles e os contextos educacionais são extremamente complexos e não há um igual a outro, podemos ser obrigado a, numa mesma escola e até numa mesma turma, utilizar práticas diferentes de acordo com o grupo. Portanto, se o professor não tiver capacidade de analisar, vai tornar um tecnocrata.
 Para Nóvoa (1997, p.27):
“ As situações conflitantes que os professores são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo portanto características únicas: o profissional competente possui capacidades de auto desenvolvimento reflexivo (...) A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva.”

 Os bons profissionais lançam mão de uma série de estratégias não planejadas, cheias de criatividade, para resolver problemas no dia-a-dia.
            Nós temos aí uma associação complexa entre ciência, técnica e arte. É o que Donald Schön, um estudioso das questões profissionais, defendeu: quem age em situações instáveis e indeterminadas, como é o caso de quem leciona, tem de ter muita flexibilidade e um saber fazer inteligente, uma mistura disso tudo, pois a experiência conta muito, mas tem de ser amadurecida, sob esta perspectiva, surge nas últimas décadas uma tendência denominada genericamente de formação de professores reflexivos, fazendo um profundo exame da situação atual da docência e indicando, bem como praticando, novos caminhos, não mais separando de forma drástica a formação inicial da continuada, tendo como referencial a prática docente, ou seja, é colocar hoje em prática uma lição que sabemos de cor e Schön identifica nos bons profissionais uma brilhante combinação de ciência, técnica e arte. É esta dinâmica que possibilita o professor agir em contextos instáveis como o da sala de aula. O processo é essencialmente meta cognitiva, onde o professor dialoga com a realidade que lhe fala, em reflexão permanente.
Nesse sentido, Schön (1997, p. 87) nos diz que:
                                   (...) Nessa perspectiva o desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional. O professor tem de se tornar um navegador atendo à burocracia. E os responsáveis escolares que queiram encorajar os professores a tornarem-se profissionais reflexivos devem criar espaços de liberdade tranqüila onde a reflexão seja possível. Estes são os dois lados da questão – aprender a ouvir os alunos e aprender a fazer da escola um lugar no qual seja possível ouvir os alunos – devem ser olhados como inseparáveis.”

A formação só será completa quando esses profissionais se auto produzirem.

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