segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA


Você sabe onde fica a África?
O território africano possui 30.272.922 km². É limitado ao norte pelo mar Mediterrâneo, a leste pelo mar Vermelho e oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O litoral, que totaliza 30.500 km, é bastante regular e com poucas ilhas (destacam-se Madagáscar, Comores, Maurício, Madeira, Canárias, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Santa Helena e Seicheles).
Hoje o continente africano tem 53 países independentes e o Saara Ocidental, ex-colônia espanhola, OCUPADA por tropas marroquinas  que luta por sua autonomia.
A maioria dos países africanos convive com um subdesenvolvimento crônico, condenados, cada vez mais, a sobreviver por meio das ajudas internacionais. É comum   afirmar que a colonização  trouxe sequelas a este continente que ainda hoje não foram sanadas.
A África foi colonizada pelos europeus.
Mas por que a África foi colonizada?
A resposta está no fato histórico ocorrido na Europa depois da crise do sistema feudal.
A ocupação do  espaço se deu em função das relações, de caráter mercantilista, existentes, até o início do século XIX,entre a Europa e a África.
As áreas litorâneas foram ocupadas com objetivo de criar entrepostos de comércio de mercadorias e escravo.
A partir da segunda metade do século XIX, as relações entre Europa e África  passaram a um caráter imperialista, com expansão da Revolução Industrial provocando a um intenso movimento para a ocupação colonial da África por diferentes países europeus. A Inglaterra que desempenhava uma enorme supremacia industrial,  não via a necessidade de anexar novos territórios para encontrar mercados ao contrário das demais nações européias. Desta forma havia uma enorme necessidade de outros países colonizarem a África. Entendeu?
A Colonização  do espaço Africano não foi pacífica.
Um dos fatos mais triste de nossa história.
As potências européias, apenas para evitar atritos entre elas, decidiram "civilizadamente" repartir o domínio da África na  famosa Conferência de Berlim, por volta da segunda metade do Século XIX.
A Partilha da África e a Conferência de Berlim
A divisão arbitrária da África teve o seu marco com a Conferência de Berlim iniciada em 1884 e só terminou no ano seguinte. Dela participaram os 15 países, 13 da Europa mais Estados Unidos e Turquia. Os Estados Unidos não possuíam colônias na África, mas era uma potência em ascensão. A Turquia, nesta época, ainda era o centro do extenso Império Otomano. Diversos assuntos foram tratados, mas o principal objetivo foi o de regulamentar a expansão das potências coloniais na África a partir dos pontos que ocupavam no litoral. A Grã-Bretanha e a França foram as que obtiveram mais territórios, seguidas de Portugal, Bélgica e Espanha. Territórios mais reduzidos foram ocupados pela Alemanha e pela Itália. Estes haviam entrado recentemente na corrida colonial devido aos seus tardios processos de unificação nacional. A Alemanha perderia o domínio de suas colônias africanas após a Primeira Guerra Mundial, acontecendo a mesma coisa com a Itália no final da Segunda Guerra
Assim se formou a Nação Africana.
As fronteiras nacionais nasceram da imposição desta conferência, um estado orgânico colonial imposto pelas potências colonizadoras partilhando a África sem muitas preocupações quanto ao que já existia. Várias nações, no sentido da formações sociais antigas africanas, passaram a estar reunidas dentro de novas fronteiras. Tribos amigas e inimigas passaram a pertencer o mesmo espaço colonial.
Assim, nos gabinetes da capital alemã, foram traçadas as fronteiras dos domínios coloniais. No início do século XX, a África estaria completamente retalhada pelos ocupantes imperialistas.
As Conseqüências das FRONTEIRAS ARBITRÁRIAS
A violência em que se deu a colonização provocou grandes distorções nas estruturas econômicas, sociais e culturais dos territórios dominados. A economia tradicional comunitária ou de subsistência foi totalmente desorganizada pela introdução de cultivos destinados a atender exclusivamente as necessidades das metrópoles. Intrigas entre etnias foram estimuladas e antigos reinos destruídos, vencidos pela superioridade militar dos colonizadores. Vários povos, antes auto-suficientes em alimentos, passaram a depender de produtos importados das metrópoles.
As idéias básicas do colonialismo
O modelo imposto pelos europeus baseava-se em ações político-econômicas, cuja a essência era a dominação total, justificada pela ideologia difundida na Revolução Industrial. As principais idéias aceitas na época eram:
1 - Racismo:
 Não há colonialismo sem racismo.
 O Racismo nasceu da exploração capitalista: a escravatura, as relações senhor-servo, mão-de-obra barata.
 Estratégia para impor inferioridade. Admitia-se a superioridade branca sobre as demais raças
 É indispensável para manter o sistema de exploração.
“O racismo resume e simboliza a relação fundamental que une o colonizado e o colonizador” afirma Albert Memmi no livro o Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967).
As doutrinas racistas partiam do princípio de que os brancos europeus, por serem superiores, possuíam uma missão civilizadora a ser cumprida no mundo
2 - O determinismo Geográfico
 A África por ter aspectos físicos mais favoráveis, especialmente climáticos, conseguiram desenvolver-se melhor que outros continentes. Desta forma os mais "desenvolvidos" teria como função além de uma subjugação política dominar os menos afortunados e civilizá-los.
Dois tipos de colonização aconteceram no continente.
1.         Colônia de povoamento
           Instalação no território por uma minoria européia
           A minoria européia assume o total controle político
           A burguesia se beneficia da força de trabalho negra
           A burguesia recebe salários mais altos
           A minoria branca são os mais executores do racismo
2.         Colônia de exploração
           A presença do colonizador se manifesta essencialmente por meio de um enquadramento militar e policial
           Funcionários das Cias. De colonização (Cias. Coloniais) cumprindo um contrato temporário, geralmente voltam para metrópole ou vão para outras áreas.
DESCOLONIZAÇÃO E NEOCOLONIALISMO
Podemos afirmar que a descolonização Africana aconteceu num processo histórico extremamente político, iniciado após a segunda guerra mundial, onde os países europeus, possuidores de colônias não conseguiram manter o domínio sobre as mesmas. Duas vertentes são estudadas . O neocolonialismo e A luta pela libertação nacional.   
Para Frantz Fanon, nascido na Martinica mas engajado na guerra de independência da Argélia, o conceito de descolonização tem outro sentido: "Libertação nacional, renascimento nacional, restituição da nação ao povo, commonwelth, quaisquer que sejam as rubricas utilizadas ou as novas fórmulas induzidas, a descolonização é sempre um fenômeno violento, (...) é simplesmente a substituição de uma "espécie" de homens por outra "espécie" de homens"        
A Estratégia de alguns países, especialmente a Grã-Bretanha, para não perder de vez o domínio e analisando a inviabilidade da guerra, negociou a transferência do poder para elites locais, muitas delas criadas artificialmente, em troca da manutenção dos laços econômicos e políticos. Esta estratégia, conhecida como neocolonialismo, foi muitas vezes construída à base de favorecimentos a determinadas etnias, resultando conflitos nas diferentes etnias presentes até hoje. Dessa forma, muitos países africanos obtiveram apenas uma independência formal
A independência não trouxe, entretanto, a paz e o desenvolvimento esperados pelos povos africanos. As agressões imperialistas continuaram a acontecer principalmente contra os países que optavam pela via não capitalista de desenvolvimento.
As disputas geopolíticas entre os as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Soviética, inseriram a África na lógica da guerra fria, produzindo sangrentos conflitos que deixariam seqüelas sentidas até o presente.
E a África hoje?
Você já pode imaginar que diante do seu passado histórico, a África sobrevive ao total abandono.
Vamos aos números!
Os números dramáticos do continente
AIDS: Nove em cada dez portadores do HIV no mundo são africanos. A doença já atingiu 34 milhões de pessoas, das quais 11,5 milhões morreram.
GUERRAS: Mais de 20 países africanos estão envolvidos em conflitos armados, com alguns se arrastando há décadas, como em Angola. As disputas armadas pelo poder levaram à desintegração da Somália, que voltou ao estágio pré-colonial em que era governada por chefes locais.
SUBDESENVOLVIMENTO: Dos 174 países cujo IDH foi medido pela ONU, a África não tem nenhum entre os 45 do grupo mais desenvolvido. Entre os 94 de índice médio, apenas 12 são africanos. Por outro lado, no grupo dos 35 menos desenvolvidos, 29 pertencem ao continente.
REFUGIADOS: São 6,3 milhões no continente, correspondendo a um terço do total mundial, para uma região que abriga apenas 13% da população do planeta.
FUGA DE CÉREBROS: Mais de 260 mil profissionais qualificados africanos trabalham nos Estados Unidos e na Europa.
Os números acima são Alarmantes. Não concordam?
Estes números, aliados a sua própria história, apontam para uma África desigual.
conflitos atuais do Continente Africano.
Os conflitos atuais da África são, como vimos, motivados pela combinação de causas variadas, embora predomine, neste ou naquele caso, um determinado componente étnico (Ruanda, Mali, Somália, Senegal), religioso (Argélia), ou político (Angola, Uganda). Isto sem contar os litígios territoriais, muito frequentes na África Ocidental. No meio desses conflitos que atormenta a África neste final de século, estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação face a poderes centrais autoritários, exercidos muitas vezes por uma etnia majoritária.
Algumas dessas guerras tem ultrapassado todos os limites de crueldade, como a que se verifica em Ruanda e Burundi, opondo as etnias tutsi e hutu. Em 1994, a guerra em Ruanda já tinha provocado 4 milhões de refugiados, metade da população do país, e milhões de mortos. Os hutus são maioria da população, mas são os tutsis que dominam a vida política e econômica destes países desde que os antigos colonialistas belgas promoveram representantes deste etnia a postos de mando administrativo.
Na Somália, oito clãs disputam o poder numa guerra civil que dilacerou completamente o país. Na Libéria, a guerra interna matou mais de 150 mil pessoas e produziu cerca de 700 mil refugiados. Cifra semelhante pode ser verificada na vizinha Serra Leoa. A situação não é muito diferente em países como o Chade ou Sudão. Enfim, são vários e vários conflitos sem perspectivas imediatas de pacificação. Acordos e negociações têm sido tentados, mas sem muito sucesso. Talvez Angola possa se transformar numa exceção, face a mais uma tentativa de paz (a última?) acordada entre o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), no governo, e o seu arquirival, a União Total para a Libertação de Angola (UNITA), organização que durante muitos anos recebeu apoio dos EUA e do criminoso regime do appartheid sul-africano.
PROBLEMAS DA ÁFRICA, PROBLEMAS DO MUNDO
A exceção da saliência das questões étnicas, grande parte dos problemas que afetam a África são também comuns a maioria dos países do chamado "Terceiro Mundo" - Emergentes. São problemas com raízes estruturais que só serão resolvidos no marco de uma nova ordem internacional capaz de eliminar as contradições entre o mundo econômica e tecnologicamente desenvolvido e o mundo subdesenvolvido e marginalizado, condenado a esta situação pelo próprio processo histórico de dominação política e pilhagem econômica do primeiro.
A internacionalização das atividades econômicas, tecnológica e políticas de um lado, e a particularização cada vez maior das questões sociais por outro, constitui a principal contradição da realidade mundial deste final de século. Seu ponto principal está, sem dúvida, na repartição desigual das riquezas criadas e acumuladas a nível global. Democratizar essa repartição - requisito número um para uma tentativa séria de resolução dos problemas globais - exige uma total reestruturação da atual ordem política e econômica internacional, coisa que o atual modelo neoliberal mundializado e seu Deus mercado não querem nem ouvir falar.

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