segunda-feira, 10 de junho de 2013

GEOGRAFIA ajuda a explicar miséria da África


          É bom para um país ter um litoral, ou pelo menos uma boa parte da sua população perto do mar, e isso não serve apenas para viagens de férias. Estudos recentes estão confirmando o que muitos economistas sempre souberam: a geografia faz toda a diferença. E o tamanho também.

          Isso pode ser especialmente relevante para a África, ajudando a explicar por que ela é o continente mais pobre do mundo e está ficando cada vez mais para trás. "(Na África) há mais países sem saída para o mar, com pequenas populações, do que em qualquer outra região", diz o Programa de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (Pnud). "Isso impede o crescimento, por encarecer as exportações e limitar os incentivos a investimentos estrangeiros diretos".

          No seu Relatório do Desenvolvimento Humano de 2003, o Pnud analisa as taxas de crescimento econômico de 1980 a 1998 pelo ângulo do tamanho da população e dos fatores geográficos. São classificados como países pequenos, aqueles que tinham menos de 40 milhões de habitantes em 1990, enquanto aqueles com mais de três quartos da população vivendo a mais de cem quilômetros do litoral foram qualificados de isolados do mar - mesmo que eles tenham um litoral.

           "Países pequenos e sem acesso ao mar experimentaram muito menos sucesso econômico no mesmo período (que os países maiores ou litorâneos)", diz o relatório. "As conclusões são especialmente relevantes para a África, já que 33 dos 55 países considerados pequenos ou sem acesso ao mar estão no continente".

          Desde Adam Smith, no século 18, os economistas afirmam que a geografia é um ingrediente básico do sucesso econômico, e nos últimos anos os analistas começaram a examinar mais de perto sua influência sobre o desenvolvimento. "Quase todos os países sem acesso ao mar são pobres, exceto por algumas nações da Europa Ocidental que são profundamente integradas ao mercado regional europeu", diz um documento de 1998, apresentado por John Luke Gallup e Jeffrey Sachs à Conferência Anual dos Bancos sobre Economia do Desenvolvimento.

          Há várias razões para isso. "A geografia está tendo um papel-chave na luta de muitos países africanos para avançar, e pequenos países sem saída para o mar enfrentam um desafio particular", afirmou o economista David Stewart, do Pnud. "Com pequenos mercados internos e altos custos para atingir as rotas globais de comércio, as economias desses países são pequenas demais para atrair os investimentos necessários para se diversificar (e fugir) das commodities primárias - um passo vital no desenvolvimento".


          É claro que há pouco que um país possa fazer contra a sua geografia, a não ser invadir e anexar uma nação vizinha. Mas a localização geográfica não precisa ser tão determinante. "A geografia não é um destino - políticas como as de integração regional e investimentos em infra-estrutura podem romper essas barreiras", disse Stewart.

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