quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Reprovação escolar: uma questão, muitas facetas!

A reprovação nas escolas brasileiras é antiga e está atrelada à ideia de que os sujeitos aprendem ou deveriam aprender em tempos iguais e determinados. É a evidência mais forte da concepção tradicional de ensino que concebe o professor como um transmissor de conhecimentos e o aluno como um mero receptor. Revela ainda a concepção dos professores que acreditam na homogeneidade dos sujeitos, neste caso, daqueles que frequentam a escola na condição de alunos, termo que significa “sem luz”, talvez uma mera coincidência.

No Brasil a estrutura de organização seriada, presente na maioria das unidades escolares, subsidia a aceitação da reprovação como se esta fosse a solução mais viável para tratar os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem ou ainda que “não aprendem”, se é que é possível que alguém não aprenda. É uma espécie de controle que barra a progressão daqueles que não seguem o percurso escolar por não estarem no mesmo nível de aprendizagem dos demais.

É impressionante como cada vez aumentam e se tornam mais fortes os discursos que defendem a retenção do aluno numa mesma série a fim de que ele possa progredir depois. É, ao mesmo tempo, terrível, perceber que essas são falas de profissionais da Educação que estudam e se atualizam, mas que não conseguem esquecer ou rejeitar a tradição que receberam por herança em sua vida escolar.

O que significa ser reprovado? Por que um aluno é reprovado? O que justifica a sua manutenção numa mesma série?

O termo reprovado significa censuradocriticadocondenado; quanto à palavra reprovação quer dizer desprezocríticadesdém. Ora, os sentidos das expressões já revelam por si mesmos as suas implicações. Entretanto, uma desculpa corriqueira para justificar o ato de reprovar é a de que se o aluno passar mais um ano naquela série, vendo novamente os conteúdos que não conseguiu assimilar, terá mais êxito, inclusive em sua vida acadêmica. É esta uma grande falácia, pois o aluno que repete um ano letivo perde a motivação, seja pelo constrangimento de estar novamente naquele mesmo ano de escolaridade, seja pela convivência com colegas menores com interesses distintos.

O tema é polêmico e é provável que os humores se modifiquem a partir das argumentações aqui expostas. Mas, reflita, caro colega professor: se lhe sobrevier uma inquietação, uma angústia, um duvidar, talvez haja o que se modificar, pois ainda que você discorde da abordagem realizada, permita-se pensar a respeito, porque bem sei que não é por maldade que muitos de nós ainda reprovamos os nossos alunos. 

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