quinta-feira, 2 de julho de 2015

RIO LARGO - 100 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA


I - DESCRIÇÃO HISTÓRICA
A primeira sede do Município de Rio Largo foi Santa Luzia do norte. Diz-se que Jerônimo de Albuquerque, irmão de D. Brites, foi quem primeiro pisou o solo do Município, quando da guerra de extermínio aos índios Caetés. Segundo Gabriel soares, referido por Melo Moraes, um cego estabelecera-se ali, nos princípios do século XVII, e recobrara a visão. Em razão desse milagre, atribuído à Santa, em sua honra foi dado ao local o nome de Santa Luzia de Siracusa, que posteriormente tomou o nome de Santa Luzia do Norte.

Contam, também, que teria tido aquela localidade o nome de "OUTEIRO DE SÃO BENTO", por haver existido um convento religioso da Ordem Beneditina. Santa Luzia do Norte, um dos mais antigos aglomerados urbanos de Alagoas, chegou a ser, nos tempos coloniais e, até mesmo, anos depois, o mais importante povoado das margens da lagoa do norte e do rio Mundaú. No ano de 1633, durante a guerra holandesa, os "batavos" incendiaram a Alagoana, hoje Marechal Deodoro, e marcharam contra Santa Luzia do Norte, encontrando tenaz resistência por parte dos comandados de Antônio Lopes Figueiras, que defenderam valentemente a povoação.

A Cidade foi libertada e pouco sofreu, mas, Antônio Lopes faleceu em pleno combate.
A estrada de ferro construída no Estado não passava em Santa Luzia do Norte, o que contribuiu para sua decadência, ao passo que se desenvolvia Rio Largo, à margem da estrada e a pequena distância da Capital. Daí resultou a transferência da sede do Município.

O nome Rio Largo se originou de um engenho de açúcar, existente no local onde o rio Mundaú apresenta mais largura. No começo, o engenho pertencia a descendentes dos Calheiros de Melo, sendo fracionado por herança e reconstituído, posteriormente, através de diversas transações realizadas por Felipe de Brito. Foi depois vendido a D. Rosa lima Lins, também descendentes dos Calheiros de Melo. Nos fins do século XIX, duas Companhias (fundidas posteriormente na Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos) adquiriram terras do Engenho Rio Largo e do Engenho Cachoeira do Regente, limítrofe, e montaram duas fábricas para industrialização de fibras têxteis. Para tanto, aproveitaram-se das facilidades de energia hidráulica, decorrentes do aproveitamento de pequenas cachoeiras formadas pelo rio Mundaú. Por outro lado, a linha férrea passando na localidade, muito contribuiu para o desenvolvimento do centro industrial.

Assim floresceu Rio Largo.
A história de Rio Largo é, portanto, a de Santa Luzia do Norte.
A vila foi criada por decreto de 10 de dezembro de 1830, do Governo Geral. Em 1900, a Lei n.º 282, de 18 de junho, criou o Município Judiciário de Santa Luzia do Norte.

A Lei n.º 696, de 13 de julho de 1915, transferiu a sede para Rio Largo, que recebeu a categoria de Cidade. Atendendo ao dispunha o artigo 3º do Decreto-Lei Federal n.º 311, de 02 de março de 1938, e de acordo com o artigo 3º parágrafo primeiro, do Decreto-Lei n.º 2.909, de 30 de dezembro de 1943, o município tomou a denominação de sua sede, isto é, mudou sua nomenclatura de Santa Luzia do Norte para Rio Largo. Do seu território nenhum Município foi desmembrado até 1960, quando se verificou a emancipação de Satuba. Naquele ano Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco eram distritos de Rio Largo, tendo deixado de sê-lo em 23 de agosto de 1962, passando a constituir distritos adidos a Satuba.

Ao ser criada a Comarca de Pilar, em 1862, Rio Largo passou a pertencer-lhe como termo, posteriormente elevado a Comarca.
Em 1931 teve em sua jurisdição o termo de Murici, perdendo-o em 1934, quando foi restaurada a Comarca do mesmo nome.
A primeira paróquia de Rio Largo foi criada em 13 de junho de 1941. No município, existem, além da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, as paróquias de Utinga e do Santíssimo Coração, esta sob a orientação e responsabilidade comunitária da ordem religiosa do Santíssimo Coração de Jesus, de origem holandesa.
As atividades dessas paróquias estão relacionadas à Arquidiocese de Maceió, tendo a Cidade de Rio Largo como padroeira Nossa Senhora da Conceição.

A Câmara Municipal é composta de dez Vereadores e o Poder Executivo é exercido por um Prefeito e um Vice-Prefeito. A atual Prefeita de Rio Largo é a Dr.ª Fátima.
A população atual do Município de Rio Largo é de 68.518. (IBGE 2010)
  
II - ASPECTO GEOGRÁFICO
1 - ASPECTO FÍSICO
1.1 LOCALIZAÇÃO
O Município de Rio Largo acha-se situado na parte Leste do Estado de Alagoas, na Zona fisiográfica do Litoral, integrando a Micro-Região Homogênea n.º 120(Maceió), conforme se pode apreciar no mapa abaixo. Suas Coordenadas geográfica são 9º29' 4'' S e 35º 49' 54'' O, limitando-se com os seguintes municípios:
- ao Norte - Messias e Murici
- ao Sul - Satuba e Pilar
- ao Leste - Maceió
- ao Oeste - Atalaia

O Município de Rio Largo abrange uma área de 213 Km2, em que se situam um único distrito e o povoado de Tabuleiro do Pinto
A sede Municipal dista, em linha reta apenas 22 Km, da Capital do Estado, estando numa altitude de 45m.
1.2 Geomorfologia
A geomorfologia de Rio Largo está em concordância com as características gerais de origem terciária, que se distinguem nos tabuleiros do Planalto Brasileiro, em Alagoas, destacando-se as ondulações do terreno, predominantes na sede do Município. Os índices de declividade atingem cerca de 30%, em alguns locais.

Oriundos do quaternário, notamos terrenos de aluvião e arenitos, datando no entanto do terciário a formação predominante, com a apresentação das "Formações Barreiras", que se constatam pela presença de arenitos argilosos e argilitos.

Faz-se sentir a presença do cretáceo através da "Formação Satuba", que tem caráter local, em parte.
Ressalve-se a existência, em sua constituição geológica, do "Pré-Cambriano Superior", realçado pela presença de granitos, ganisses e mignatitos.

O contorno de sua modelação topográfica acha-se suavizado pelo equilíbrio do perfil, onde o terreno tende a um aplainamento pela ação de forças erosivas, pluviais e eólicas.

Por seu turno, é nítido o vale escavado pelo rio Mundaú, sobre o capeamento da "Formação Barreiras".
1.3 Hidrografia
O curso hidrográfico de destaque máximo é o rio Mundaú, que banha o Município no sentido Norte-Sul, numa extensão de, aproximadamente, 20 km2, desde os limites com o município de Murici até Satuba.

O referido rio sofre um alargamento no seu leito, dando lugar à formação de uma ilhota, que se liga, por uma ponte de pequena extensão, à sede municipal.

O leito do rio é, em vários trechos, palco de pequenos encachoeiramentos, graças à formação rochosa do seu curso. Dentre outras de menor importância, destaca-se a queda d'água denominada, localmente, de "Cachoeira", no subúrbio de Gustavo Paiva, que foi aproveitada em parte pela Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos.

O rio Mundaú é perene e apresenta, em Rio Largo, alguns trechos com largura superior a 25m, tendo suas máximas e mínimas dependentes das cotas pluviométricas locais.

Em regra, na região do Município, seu volume d'água não ultrapassa o leito normal, não se tendo conhecimento de enchentes que tenham provocado danos de natureza econômico-social.

Os seus afluentes são constituídos, em sua maioria, por riachos, como Timbó, Pau-Amarelo, Cumbe, Utinguinha, Macacos e Carrapatinha, pela margem esquerda. Na margem direita distinguem-se: o Satuba com características de rio, o Barbosa e o Gongó.

Do ponto de vista hidrográfico, salienta-se, ainda, a lagoa de Mundaú ou do Norte, que se situa no Município de Coqueiro-Seco/AL, sendo formada, em parte, pelas águas do Mundaú e do Remédio.

Há pouco ou quase nada a registrar em relação ao aproveitamento da rede hidrográfica, uma vez que não se exercita a pesca em termos racionais e a utilização da queda d'água denominada "Cachoeira" perdeu sua razão de ser, valendo-se atualmente a Companhia Alagoana d Fiação e Tecidos da energia gerada e transmitida pela CHESF.

Outrossim, são encaminhados para o rio todos os detritos da Cidade, além de caldas de usinas de açúcar, mercê de cuja influência se encontra altamente poluído, dele se exalando, permanentemente, forte e desagradável odor.

As suas margens são exploradas, em escala mínima, para o plantio de lavoura de subsistência, a qual não oferece maior destaque.

Contudo, a rede hidrográfica do Município apresenta-se bem distribuída em área, contribuindo para a atividade da agroindústria açucareira plenamente afeita à região.

1.4 Outros Aspectos Físicos
Na formação do planalto, cumpre destacar o Tabuleiro do Pinto, com altitude aproximada de 110m.
É digna de registro a variação da topografia na sede do Município, observando-se distintos os planos altimétricos resultantes da escavação do vale do Mundaú.

2 - CLIMA
2.1 Temperatura e Suas Variações
Como característica geral, o clima apresenta-se tropicalizado, úmido, herdando as influências litorâneas, sendo "quente-úmido" no verão e "frio-úmido" no inverno.
A temperatura média anual é 26ºC, com máxima de 34ºC e mínima de 16ºC.
2.2 Pluviometria
O período invernoso corresponde às maiores precipitações, verificadas nos meses de abril a julho. No verão, abrangendo os meses restantes, não deixam, porém, de ocorrer precipitações pluviométricas, embora em menor escala
2.3 Umidade Relativa
A umidade relativa, média, é de 76,1%, caracterizando a zona úmida.

3 - SOLO
3.1 Identificação
O Solo predominante é dos tipos "sílico-argiloso" ou " arenoso". Como manchas de predominância, em termos de classificação, temos que os "Podozóicos" existem em pouca extensão no sentido Noroeste, enquanto o "Latosol" se oferece, com maior amplitude, em todas as direções do Município. Evidencia-se este domínio por força do intemperísmo local, comum a zonas de climas quentes e úmidos. Este tipo de solo, de origem laterítica, é rico em óxido-hidrato de ferro, comumente de cor marron-avermelhado, habitat ideal para a monocultura da cana-de-açúcar, nas margens do rio Mundaú ou, mais precisamente, em seu vale.
Em face da não existência, praticamente, de solos inaproveitáveis, constata-se um bom aproveitamento agrícola no setor da monocultura de cana-de-açúcar.
Além das riquezas orgânicas contidas no solo, em decorrência de sua própria natureza, registrem-se as melhorias nele introduzidas por força da aplicação dos estudos e pesquisas feitos pelas estações experimentais ali existentes, uma pertencente ao Ministério da Agricultura e outra mantida por entidade particular, que se dedica à monocultura açucareira.
4 - VEGETAÇÃO
4.1 Características
A vegetação nativa é a do "Capoeirão", ou seja o tipo vegetal que habita em área outrola ocupada pela "Mata". Este "Capoeirão" se identifica por formações vegetais altas e grossas, que apresentam clarões descobertos; na área apresenta as maiores, verificando-se, portanto, com mais autenticidade, aspectos de "Capoeira-Furada". O fato é decorrente da exploração vegetal pelo homem e do não reflorestamento, ficando o solo à disposição do plantio da cana-de-açúcar, salvo em locais em que o terreno se caracteriza muito irregular, impedindo o uso da terra para monocultura.

4.2 Classificação
Dos "Capoeirão" são extraídas madeiras para uso em construção, agora em escala reduzida, visto que, coincidentemente, os terrenos mais férteis em vegetação daquele tipo, ainda existentes, pertencem às duas únicas usinas de açúcar do Município, para as quais representam uma reserva vegetal, utilizada quase que para consumo exclusivo. As zonas de "Capoeira-Furada" possuem vegetais de menor porte, sem valor econômico como reserva vegetal.

Encontramos a cana-de-açúcar com amplo destaque na paisagem vegetal, merecendo esta atividade agrícola total assistência, visando à obtenção de melhor e maior rendimento, uma vez encontrado, de maneira natural, um habitat capaz de oferecer condições de vida vegetal ideal, consideradas as excelentes qualidades edáficas, que decorrem da geologia e do clima da região.

Esporadicamente, vamos constatar outros tipos vegetais existentes no Município, como por exemplo - côco da baia, mandioca, frutas (banana, manga, laranja etc.). No entanto, isto é válido, tão somente, para registro de possibilidades vegetais, mas sem traduzir sentido econômico, atendendo, só, ao consumo dos próprios agricultores.

5 - OS FATORES NATURAIS E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
A propósito deste item, veja-se o referido na parte IV, 2.1 deste histórico.

6 - RECURSOS MINERAIS
Em termos de recursos minerais, o Município é considerado pobre, sendo constatados, apenas, afloramentos de granitos e ganisses, que possibilitam a exploração de algumas pedreiras, em vista da existência do material, em larga escala, regionalmente.

Afora esta atividade extrativa, há a de aproveitamento da argila, na fabricação de tijolos, telhas e produtos similares, também neste caso não se caracterizando uma indústria extrativa específica, em face da abundância da matéria-prima em todo Nordeste.

7 - PESCA
Esta atividade, praticamente, inexiste, somente se efetuando, para consumo próprio, por parte das populações ribeirinhas.


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